segunda-feira, 14 de maio de 2007

ESTRUTURAS DE PODER

AULA DE HISTÓRIA DE SERGIPE II, DIA 24 DE ABRIL DE 2007


Neste texto trabalhamos com a história política do nosso estado, da professora Terezinha Alves de Oliva autora desta obra, na qual está incluída no livro TEXTOS PARA A HISTÓRIA DE SERGIPE, vai mostrar a formação das estruturas do poder local desde os primórdios de nossa colonização no final do século XVI, e vai chegar até o século XX fazendo uma relação desses quartos séculos de história na política sergipana.
Como foi tratado em outro texto anterior a este, sobre a dependência econômica de Sergipe com relação à Bahia, a mesma dependência se dá na esfera política. Sergipe entrou em conflito diversas vezes com a Bahia já no período colonial por diversas razões, foram elas territoriais econômicas e de jurisdição no campo político.
Os conflitos entre as autoridades de Sergipe e as da Bahia foram freqüentes, mesmo depois que Sergipe se tornou comarca em 1696 conseguindo assim sua autonomia judiciária, ainda que continuasse política e economicamente subordinado à Bahia.
Os detentores do poder local eram os mesmo que controlavam a economia da época (os senhores de terras), era o início do que ia prevalecer daí por diante, o predomínio dos mesmos grupos econômicos e familiares através da história. Logo a baixo citarei o que demonstra Felisbelo Freire na sua História de Sergipe
‘‘O período do domínio holandês pode ter levado ao reforço do poder local e criado um sentimento de autonomia. É fato que a capitania se tornou praticamente incontrolável: o período pós-invasão holandesa é caracterizado pela luta entre os poderes locais e o governo que representava os interesses da Bahia’’. A cobrança das autoridades baianas para que Sergipe contribuísse com homens para tropas de infantaria, mercadoria como o fumo, e parte da criação de gado, despertou um sentimento de revolta e autonomia entre as autoridades políticas e parte da população sergipana.
Os capitães-mores do período posterior ao domínio holandês enfrentarão uma capitania que eles próprios passaram a considerar ingovernável: conflitos com a câmara, conflitos entre as autoridades do próprio governo, deposições, turbulências e revoltas. A insatisfação demonstrada pela sociedade sergipana pode ser assim entendida também como atitude de inconformismo com uma situação política que não atendia à importância que ia tomando a sua economia.
O controle político local dava-se pelo revezamento entre os partidos, o Corcunda e o Liberal, fato que ficou registrado na política sergipana (período regencial) foi a revolução de Santo Amaro, esse foi mais um dos conflitos entre as forças políticas dominantes daquele período. A partir desse acontecimento o partido Liberal passou a ser chamado “Camondongo” enquanto os Camondongos chamavam o partido adversário de “Rapina”.
Em 1840 é aclamado D. Pedro II como novo chefe do governo nacional, e em Sergipe continuam as mesmas disputas entre os dois partidos que agora mudam novamente de nome, seguindo a tendência nacional. Os confrontos entre esses partidos representavam somente os interesses da mesma classe, dos proprietários rurais, que sempre deixavam de fora das questões políticas maior parte da população.
Uns dos acontecimentos políticos de grande importância que aconteceu no II reinado em Sergipe foi à mudança da capital da província para uma região economicamente mais importante, deixou de ser em São Cristovão para agora instalar-se nas praias desertas do Aracaju em 17/03/1855 no governo de Inácio Joaquim Barbosa.
Uma nova fase da política nacional acontece também em Sergipe, é a nova forma de governo “a republica”. O jogo da aproximação e de rompimento entre os diversos grupos políticos e a profunda interferência do governo federal marca a vida partidária desse período. Os velhos políticos muitos deles senhores de engenho foram denominados de “Cabaús” enquanto os adversários tiveram o nome de “Pebas”.
A partir de 1902 aconteceu um acordo entre o governo federal e os governadores dos estados denominados de “política dos governadores”. Essa política garantia a permanência dos grupos que estavam no poder dos estados e em troca os governadores dos estados apoiavam o governo federal. Entrava em cena na política sergipana o domínio olimpista, como assim ficou conhecido o período em que o líder do partido Cabaú , Olimpio Campos,controlou a política local. A oposição contra os olimpistas deu-se com um grupo dos pebas juntamente com uma dissidência Cabaú, formando um novo partido o “Progressista”
Os progressistas organizaram um golpe para derrubar o governo olimpista, e tiveram na pessoa de Fausto Cardoso o seu líder maior, foi feito um movimento conhecido como revolta Fausto Cardoso e espalhou-se por vários municípios sergipanos. Esta revolta conseguiu tomar o poder do estado, mais logo foi reprimida e desfeita, tendo como saldo a morte de Olimpio Campos (cabaú), e Fausto Cardoso (progressista), depois desse acontecimento continuou prevalecendo o mesmo esquema político dos governadores que iria até a revolução de 1930.
Outro acontecimento político de importância que se deu também em Sergipe foi a revolta tenentista. O movimento dos tenentes tinha em episodio local a revolta de 13 de julho no qual foi derrubado o governo. A presença na corporação do exército em Aracaju de oficiais implantados na revolta do forte de Copacabana, com Manuel Xavier de Oliveira e Augusto Maynard Gomes, fez do 28º BC um foco de propaganda de oposição ao governo federal.
Com a revolução de 1930 acontece mais uma fase da política nacional, e em Sergipe Augusto Maynard assumiu o cargo de governo provisório e mais tarde o de interventor federal de Sergipe. A constituinte de 1933 fez aparecer em Sergipe diversos partidos, que agora vão disputar os diversos cargos no estado.
Passado o período do Estado Novo (1937-1945), com a redemocratização, surgiram mais partidos e que iriam revezar-se no cenário político nacional como estadual.
No governo de Seixas Doria aconteceu o golpe militar. Seixas Doria tentando conseguir recursos para atacar os principais problemas do estado, aproximou-se cada vez mais do governo federal. Ausentando-se continuamente de Sergipe e articulando-se com outros governadores para uma análise da situação nacional. O governo de Sergipe incorporou-se à luta pelas reformas de base do governo Goulart e participou do comício de 13 de maio no Rio, no qual anunciou a realização da reforma agrária para Sergipe, esse acontecimento provocou insatisfação dos grupos contrários, os conservadores.
Com a queda do presidente João Goulart e a instalação do governo militar em 31 de março de 1964 marcariam o fim do estado populista, e com isso levaria também a queda de dois governadores nordestinos, Miguel Arraes de Pernambuco e Seixas Doria de Sergipe.


OLIVA, Terezinha Alves de. Textos para a Historia de Sergipe. São Cristovão: Universidade Federal de Sergipe/Aracaju: BANESE, 1991, 294p.

domingo, 6 de maio de 2007

HISTORIA DE SERGIPE II: Os índios em Sergipe

HISTORIA DE SERGIPE II: Os índios em Sergipe


G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 11. Psicologia Social
IDENTIDADE ÉTNICA DE CRIANÇAS DA TRIBO XOCÓ
Martha Emanuela Soares da Silva 1
Denise de Souza Silva 2
Guilherme Fernandes Melo dos Santos 2
Ana Luiza Sobral Oliveira 3
Fernanda Hermínia Oliveira 3
Marcus Eugênio Oliveira Lima 4
(1. Bolsista Pibic/CNPq, curso de Psicologia, Universidade Federal de Sergipe/UFS; 2. Bolsista COPES/Pibic, curso de Psicologia, Universidade Federal de Sergipe/UFS; 3. Estudante de graduação, curso de Psicologia, Universidade Federal de Sergipe/UFS; 4. Prof. Dr. do Departamento de Psicologia, Universidade Federal de Sergipe - UFS)
INTRODUÇÃO:
O único grupo indígena encontrado atualmente em Sergipe é o Xocó. Esse grupo vive na Ilha de São Pedro e na Caiçara, na região do baixo São Francisco, pertencente ao município de Porto da Folha. Os Xocós são remanescentes de vários outros grupos indígenas, que devido a fatores como a escravidão e a crescente miscigenação ocorridas nos séculos passados, foram aos poucos perdendo as características culturais e fenotípicas de seus grupos de origem. A luta pela terra entre índios e alguns fazendeiros da região foi uma questão estruturante na história desse povo, tendo sido resolvida a favor dos índios apenas no final do século XX. Os Xocós haviam sido expulsos de suas terras com base na alegação de que, devido à miscigenação, não eram mais índios. Este fator se mostra decisivo no entendimento do modo de vida atual deste grupo indígena, que luta por preservar a identidade, a cultura e as tradições indígenas, em que pese o fato de, no nível do fenótipo, os Xocós se apresentarem em sua maioria como negros ou mulatos. Tendo por base estes aspectos formulamos algumas questões que motivaram este estudo: Que repercussões têm para a identidade étnica de uma criança ser fisicamente negra e política e culturalmente indígena? Quais são os sentimentos/avaliações anexadas pelas crianças Xocós à sua identidade e cultura indígenas?
METODOLOGIA:
Para tentarmos responder a estas questões realizamos um estudo com 40 crianças da tribo Xocó, com idades entre 5 e 12 anos; sendo 26 meninos e 14 meninas. Estas crianças cursavam entre a 1ª e a 7ª série do ensino fundamental. Como instrumento de coleta de dados utilizou-se um roteiro de entrevista que continha questões sobre a auto-definição da cor da pele, identificação ou não com outras crianças representativas de três grupos étnicos brasileiros (branco, negro e índio), desejo de mudar algo em si mesmas e o quê mudaria, além de questões sobre o sentimento de pertença com relação ao próprio grupo. As entrevistas foram feitas em salas reservadas de uma das escolas localizada na comunidade Xocó. Como material foram utilizadas fotografias de crianças dos grupos étnicos da sociedade brasileira, citados anteriormente, com idade e gênero semelhante aos das crianças entrevistadas.

RESULTADOS:
As crianças apresentam 10 denominações diferentes para a sua cor. A maioria se define como “morenas” (16) ou “pretas” (8); 5 se dizem “brancas” e 3 “negras”. Esse resultado parece refletir a miscigenação que caracteriza os Xocós. Ao solicitadas a escolher dentre três fotos de outras crianças, qual se parecia mais com ela mesma, 18 crianças apontaram a fotografia da criança negra, 12 a da índia e 10 a da branca. Das 18 crianças que escolheram a fotografia da criança negra, apenas 9 afirmaram gostar de se parecer com a criança da foto. Entre as que escolheram a fotografia da criança branca, 3 disseram que gostavam de se parecer com ela, porém das 12 crianças que escolheram a fotografia da criança indígena, todas responderam gostar muito de ser parecidas com ela. Esse dado pode ser reforçado pelas principais justificativas apresentadas pelas crianças que diziam gostar de ser índias, pois estas se referiam a elementos culturais como: “gosto de dançar”, “é bom fazer flecha”, ou até mesmo “porque é bom ser índio”. Quando indagadas se gostariam de ser diferentes do que são, metade das crianças afirma que sim; sendo que, destas 20 crianças, 9 gostariam de mudar a cor da pele, 4 o cabelo e 2 “tudo”. O que parece significar uma insatisfação com a aparência física negra, pois quando perguntados se gostariam de se parecer com outra das crianças das fotografias, das 28 crianças que responderam “sim”, 15 gostariam de se parecer com a criança branca, 10 com a índia e apenas 3 com a negra.
CONCLUSÕES:
A partir disso é possível concluir que existe uma identificação entre as crinças Xocó e a pertença ao grupo dos índios. As respostas que justificavam o sentimento positivo de gostarem de ser índias apontam para uma percepção positiva da criança Xocó com relação a sua pertença grupal. Isso pode significar que o fato das crianças se considerarem índias, vai muito além da sua aparência física, pois a maioria delas é negra. No entanto, os resultados que sugerem que apesar de haver uma identificação cultural com à pertença indígena, existe uma insatisfação com a cor da pele negra e uma identificação racial com a cor da pele branca. Este padrão de resultados parece refletir aspectos mais gerais dos fenômenos do racismo e do branqueamento no Brasil, aos quais os índios também não estão imunes. O próximo objetivo será efetuar uma comparação entre os resultados encontrados neste estudo com a interpretação dos dados de uma pesquisa feita utilizando os mesmos moldes, na qual participaram crianças quilombolas de uma região próxima a Ilha de São Pedro.
Instituição de fomento: PIBIC/UFS, CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave: identidade étnica; pertença grupal; sentimento de pertença.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006

terça-feira, 1 de maio de 2007

ATIVIDADES PRODUTIVAS

Nesta aula trabalhamos com o texto da professora Maria da Glória Santana de Almeida do livro TEXTOS PARA A HISTÓRIA DE SERGIPE, no qual a autora tem uma abordagem mais econômica do estado de Sergipe desde suas primeiras atividades, diferentemente, se comparado com o texto da professora Beatriz Góis Dantas que enfoca mais a questão do social.
De início a autora cita a dependência da colônia em relação à metrópole as diferenças entre ricos e pobres e traz essa questão da dependência a nível regional colocando Sergipe na condição de subordinado a Bahia. Maria da Glória vai dividir a sua obra utilizando-se de setores econômicos como o primário secundário e o terciário e ainda mostrando em quatro tópicos as seguintes temáticas sobre a economia sergipana: o que se produz..., por que se produz..., como se produz... E para quem se produz.
A situação na qual se encontram certas atividades econômicas hoje em Sergipe se deve a alguns fatores de importância histórica que contribuíram para tal situação com desdobramentos econômicos, sociais e políticos. No qual podemos citar a formação da estrutura agrária desde o início da sua colonização (final do século XVII) caracterizado por uma grande concentração de terras em poder dos mais “poderosos”. O tipo de produção imposto pela metrópole aqui na colônia, que foi o da produção para exportação atendendo o mercado internacional, como também no caso de Sergipe que tinha a função ainda de abastecer as regiões vizinhas mais prósperas economicamente, como a Bahia e Pernambuco.
Acontece assim uma interdependência na colônia, em que algumas capitanias necessitam de apoio e servem de complemento para outras com maior desenvolvimento, como é o caso de Sergipe Del rei.
A criação de gado em Sergipe se deu logo após a sua colonização e a autora vai destacar a grande importância da pecuária por quatro séculos de atividades constantes em Sergipe, e sua predominância somente será abalada por um século de apogeu açucareiro, a sua região apresentava boas pastagens e esse gado servia para abastecer a região do recôncavo baiano com seus engenhos sendo assim uma das primeiras atividades econômicas, em seguida começaram as instalações de pequenos engenhos bangüês e a plantação de cana-de-açúcar onde a região da cotinguiba merece destaque por apresentar condições climáticas e terras férteis alem de estar localizada próximo ao litoral. O açúcar produzido em Sergipe era exportado a sua produção como demais produtos como o gado o algodão o fumo tinham destino certo conforme a necessidade, a depender do incentivo em épocas favoráveis ou de desestimulo em momentos de crise.
A questão dos gêneros de primeira necessidade (feijão, milho, arroz, farinha etc.) ficava em segundo plano, não eram produtos de aceitação para exportar, ficando assim Sergipe numa situação de importador desses produtos de subsistência gerando problemas crise e miséria pela qual passava a parcela menos favorecida de sua população.
Sergipe teve o seu momento de apogeu na sua produção de açúcar, que foi entre os anos de 1775 a 1855, mas que essa produção não se pode comparar com as de outras províncias como Bahia e Pernambuco com melhore desenvolvimento, como também é nesse período que as atenções econômicas estão voltadas para a região sudeste com a exploração do ouro e depois com o cultivo do café, mudando assim a esfera da economia do nordeste para o sul. Sergipe agora pós 1822, quando não existe mais o pacto colonial esta numa situação de segurar a sua balança comercial entre expotaçãoes e importações. O capital acumulado com a produção açucareira não ficou na província, foi investido no sudeste, Sergipe enfrentava dificuldades para manter-se economicamente, com a lei que proibia o tráfego negreiro a mão de obra escrava começou a desaparecer e Sergipe não teve condições de acompanhar as demais regiões como Rio de Janeiro e São Paulo que estavam substituindo essa mão de obra escrava por imigrantes assalariados.
Mesmo assim com essas dificuldades e a região nordeste perdendo espaço para região sul, Sergipe vai sustentar a sua economia primaria para uma nova fase que será a secundaria e a terciaria.
O setor secundário em Sergipe desenvolve-se com o crescimento da população urbana e as instalações de pequenas empresas, de primeiro momento ligado ainda ao setor primário, chegando ao final do século XIX e inicio do século XX, com novas formas de obtenção de capital para o investimento, como empréstimos do governo ou de investidores internacionais. Esse é um novo momento do capitalismo no qual na fase colonial Sergipe passou por sérios problemas de falta de investimentos na sua economia. As instalações de indústrias têxteis, a indústria de transformações, extrativo-minerais essa com a instalação da Petrobras, deram a Sergipe uma importância maior a nível regional como também nacional. A partir da década de 70 do século passado com o aumento da população urbana cresce também outro setor da economia sergipana que é o da prestação de bens e serviços, em que a capital Aracaju concentra a maior parcela de participação neste setor. Na medida em que os anos passam o setor terciário ganha maior importância em relação aos demais e, sai da posição intermediaria na economia na década de 70 a de maior crescimento nos anos 90.


Texto

ALMEIDA, Maria da Glória Santana de,Textos para a História de Sergipe. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe/ Aracaju: BANESE, 1991, 294p.